A subjetividade humana é atrelada à constituição do corpo; suas âncoras estruturais articulam o lugar do sujeito e dependem de como se instala a fundação dessa vida na ordem simbólica transmitida para o sujeito pelo Outro com quem estabelece o jogo de suas demandas vitais. O resultado desse circuito é o sintoma, forma de expressão singular do sujeito, formação meticulosa na marcha das exigências de satisfação que operam a sustentação da subjetividade.
Contudo, há algumas décadas a ordem médica monitorada pelos imperativos da indústria farmacêutica produziu uma falácia como resposta às demandas advindas do mal-estar próprio ao sintoma: expressões singulares que esboçam “inadequação”, assim como algum sofrimento do sujeito, foram elevadas à categoria de transtorno mental. Esta situação levou as crianças de nosso tempo a terem suas singularidades enquadradas no âmbito dos “diagnósticos psiquiátricos”, que a cada dia se multiplicam, estabelecendo uma verdadeira epidemia de transtornos mentais.
A classificação compulsiva e destituída de qualquer complexidade adquire uma adesão tão vasta no campo da medicina, da psicologia e da educação que se torna bizarra a leitura dos dados estatísticos que apontam o transtorno como norma. A psicanálise denuncia os riscos do diagnóstico e da consequente medicalização na infância que operam movimentos de destituição subjetiva, nomeia o sujeito com déficit e entorpecem a tensão própria às condições para o percurso que conduz os avatares do desejo e do fantasma.
O Colóquio do Toro – Escola de Psicanálise em 2019 trará esta imprescindível discussão, conduzida pela psicanalista Angela Vorcaro (MG), que com sua obra vem contribuindo de maneira magistral para este debate.
Inscrições: www.doity.com.br/coloquio-medicalizacao-infancia
Data: 30/08/2019
Horário: 20h
Local: Auditório do Cesmac – Campus Íris II