Em 1956 Lacan publica um texto no periódico francês “Les Études Philosophiques”, em comemoração ao centenário do nascimento de Freud. O título do texto não foi escolhido à toa, assim como o título do nosso Colóquio deste ano; tratava-se, como ora se trata, de uma intervenção político-epistemológica: “Situação da psicanálise e formação do psicanalista em 1956”. Este texto também se encontra publicado em seus “Escritos”.
Sobre o título, Lacan afirma: “o que nos ocorreu abordar com esses termos são a situação verdadeira e a formação válida. Aqui, é da situação real e da formação dada que gostaríamos de dar conta, e para um público maior”.
No texto, Lacan denuncia uma série de equívocos teóricos e consequentes distorções concernentes à formação do analista. Dessa forma estabelece seu compromisso decidido com o resgate do invento freudiano; isso em 1956.
No ano em curso, em meio a uma crescente onda neoliberal, nos vemos diante da implantação, por uma universidade privada, de um curso de graduação em Psicanálise. Urgente se torna a discussão do tema da “Situação da psicanálise e formação do psicanalista em 2022”, um tema que se endereça a analistas e a todos que se interessam pela psicanálise. São várias as iniciativas que prometem formar analistas, corroborando a possibilidade de regulamentação estatal da psicanálise. Tal movimento, valendo-se do significante “lacaniano”, ataca a proposição da Escola e o rigor da lógica de seus dispositivos para a formação do analista, tal como proposta por Lacan . Com muito entusiasmo, contaremos com a conferência do psicanalista Luciano Elia, do Laço Analítico do Rio de Janeiro para o nosso colóquio anual. O debate acontecerá no dia 23 de setembro de 2022, às 20:00, no auditório Jacques Lacan da sede do Toro – Escola de Psicanálise, de forma presencial, com vagas limitadas, e será transmitido on-line para participantes de outras localidades.